terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Pelo direito de ter câncer

Afrodites, essa semana, entre as muitas coisas estranhas que o jornal traz todos os dias,  uma notícia de Porto Alegre me deixou muito constrangida.




Um grupo de cem pessoas -- pela foto eram na maioria mulheres, e loiras -- saiu às ruas da capital riograndense para protestar contra a recente proibição da ANVISA ao bronzeamento artificial realizado nas câmaras de raios ultravioleta. Eram usuários/usuárias e esteticistas, que pediam a liberação do tratamento estético. Carregavam cartazes onde se podia ler "Eu amo bronzeamento, isso é crime!", "Voltamos à ditadura".

O pessoal não conseguia se conformar com tamanha arbitrariedade. Afinal, se o bronzeamento artificial nas câmaras é tão prático e tem um resultado tão lindo, por que se importar com o fato de que aumenta em 75% as chances de câncer de pele, segundo divulgou recentemente a Organização Mundial da Saúde? Senhor, iluminai essas criaturas -- e não me refiro às luzes no cabelo!

Fiquei pensando sobre a história que sempre repetimos a respeito de nós mesmos, que brasileiro é acomodado, que não vamos às ruas protestar por nada. Está provado que não é verdade: quando a motivação é forte, contundente, somos capazes de ir às ruas para manifestar a nossa opinião e reivindicar nossos direitos.

Fiquei com vergonha, afrodites.

beijos,

Alice

7 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o texto. vc acertou em todas as colocações, mesmo nas que um leitor incauto possa achar preconceituosas rsrsrs. Entre um câncer de pele no futuro e um brozeamento que me deixa gostosa hj, vamos seguir a lei do carpe diem. Jisuis!!!!!!!!!!! Nessas horas tenho vergonha de ser mulher e não é preconceito, é pura análise dos fatos. beijos, MJ

Anônimo disse...

Oi,
bom, tudo tem dois lados. Brasileiro considerado um ser acomodado...exceto o ser gaucho, povo por natureza, politizado. No meu entendimento, esse % de brasileiros que, mesmo chamados de bairristas, sabem de onde vieram, onde estao e onde querem ir. Nessa manifestacao ha muita polemica e porque nao dize uma belo golpe de mkt: mulheres bonitas, loiras de raizes europeias reinvindicando o cuidado da beleza...nao sinto vergonha, sem orgulho. É o mundo, as pessoas se monstrando como podem, e nao como são!

Café Afrodite disse...

Salete, é verdade, os gaúchos sempre foram mais reivindicadores. Agora, reivindicar o direito à beleza, mesmo prejudicando a saúde,não me parece politização, mas um tipo de demência produzido por uma sociedade que se apoia só na aparência. AG

Anônimo disse...

O grande problema é que as pessoas são capazes de passar por cima de sua saúde em troca de uma aparência dita bela. Se formos buscar na história, vemos que a beleza sempre esteve relacionada a fatores sociais, primeiro a gordinha era bonita pq tinha o que comer, depois a magra se tornou bonita pq tem tempo para ir à acadêmia. Agora tem as bronzeadas q podem passar o verão na praia e durante as outras estações pagam pelo bronzeamento artificial. Bom, as gordinhas do passado deveriam ter problemas cardiacos e colesterol altíssimo. As muito magras se tornam anoréxicas ou bulimicas, ou desenvolvem uma neurose que as obrigam a malhar mto. As que querem ter a cor do verão o ano todo podem ter câncer. Quando a mulher bonita será a que tem saúde e aparência feliz de verdade? MJ

Café Afrodite disse...

MJ, quando a gente largar dessa bobagem de seguir modelos impostos pela moda e pela midia. A gente acha que ser bela é ser amada. Todas queremos ser amadas. Então fazemos qualquer coisa para sermos belas. No extremo, podemos nos matar na tentativa de sermos belas -- e, portanto, amadas.
O problema é que quem diz o que é ser bela é a novela, a publicidade, o cinema, a moda. E a gente acredita! AG

Edney Martins disse...

Vejam só. Alguns diriam que isso é que é construção de uma comunidade de sentido. Só não consigo entender alguém preferir ficar com cor de cenoura e achar que isso é assim...normal e ninguém percebe. rsrsrs

Anônimo disse...

Edney, hahaha, adorei o "cor de cenoura". É esse o tom mesmo. Essa história de bronzeamento artificial é coisa de gente de São Paulo para baixo, que não tem praia disponível todo dia, como vocês no Rio. AG