domingo, 20 de setembro de 2009

Clarice Lispector

Ninguém descreveu melhor a complexidade de uma mulher do que Clarice Lispector, mulher intensa e sem medo de expor seus sentimentos, suas dúvidas, seus desejos. Não é por acaso que nasceu no dia 10 de dezembro (hahaha). Depois eu coloco um poema da Emily Dickinson, outra mulher porreta que também nasceu em 10 de dezembro.
Atire a primeira pedra quem não se identificar com este texto. beijos - MJ

Eu adoro Voar - Clarice Lispector
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos. Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem. Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram. Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir. Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva. Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse. Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade Já tive medo do escuro, hoje no escuro me acho, me agacho, fico ali.Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda. Já chamei pessoas próximas de amigo e descobri que não eram Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes. Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Meio Ambiente

Todas as vezes que recebo um email que junto com o título vem os dizeres ‘lindo’, ‘muito lindo’ ou ‘não deixe de ler’, automaticamente o apago, porque sei que vem uma história piegas com uma trilha sonora de Tema de Lara para baixo. Não me levem a mal, é que sou totalmente contra essas histórias que usam a dor e o sofrimento como meios para se alcançar a felicidade eterna. Bom..... isso é assunto para outro texto, agora quero falar mesmo é sobre um email que recebi e, apesar do título estar acompanhado de ‘fantástico’, resolvi abri-lo porque o seu título era ‘Lixo na praia’, assunto mais do que batido, tema de todos os verões, mas ainda não solucionado.
Jogar lixo em lugares públicos não é mais problema de falta de informação, afinal todos os anos a mídia intensifica as aulas de cidadania e bom comportamento, também não é limitado a uma classe social, já vi pessoas de todos os níveis sociais jogando lixo nas ruas, creio que seja de falta de educação, de falta de respeito, excesso de egoísmo. Muitas pessoas pensam que é problema da prefeitura limpar as ruas e as praias, é para isso que pagam impostos.
Me lembro que há alguns anos, eu trabalhava na rua 24 de maio, próximo à Barão de Itapetininga em São Paulo, um dia, durante meu horário de almoço, eu caminhava pela rua com uns colegas de trabalho e tomávamos sorvete, eu caminhava com a embalagem do sorvete na mão por não encontrar uma lixeira para jogá-lo, fui ironizada pelos colegas que me chamaram de ‘limpinha’ por não jogá-lo no chão como eles haviam feito. A errada era eu, não eles. Olhei para eles indignada, a atitude de jogar o lixo no chão não foi horrível o suficiente, era preciso incentivar outros a fazerem o mesmo?
Embora esse fato tenha acontecido há mais de 20 anos, vejo que não houve uma mudança no comportamento das pessoas. Os pais transferem esses valores para serem ensinados nas escolas. O papel da escola é passar outros tipos de conhecimento, mas, mesmo não sendo sua função, os educadores se empenham em transmitirem esses atos de bom comportamento e cidadania, o problema é que os educadores lutam contra um inimigo maior e quase invencível, o espelho que as crianças têm em casa. Como sabemos, o melhor argumento é a ação. Os professores falam como devem agir, os pais fazem o oposto, vale a ação vista.
Fico indignada ao ver lixo nas ruas, nos rios, nas praias, não apenas pelo dano ao meio ambiente, mas pelo fato do ser humano não evoluir. Meu Deus!!!!!! Que seres humanos deixaremos para nosso planeta?????

MJ

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O beijo que ninguém quer ver


Ela, 73 anos. Ele, 63. Um amor, uma paixão. O cenário: La Paz, na Bolívia. Irma e Jorge se conheceram há dois anos, num lar para idosos onde ambos moravam. Encontravam-se todos os dias no restaurante, mas só na hora do almoço, pois viviam em alas separadas. Uma vez por mês, saíam juntos para pegar a aposentadoria no banco. Aí, aproveitavam para almoçar ou para tomar um sorvete juntos.
Tudo muito bem, tudo lindo, tudo em paz. Um dia, porém, o romance boliviano virou drama mexicano. Irma e Jorge foram pegos...se beijando! Uma funcionária da instituição os flagrou. A coisa, aí, azedou. Mas azedou completamente. Eles foram proibidos de se encontrar. Como não aceitaram a proibição, acabaram sendo expulsos do lar de idosos. Numa pior, sem grana, buscaram o apoio das famílias. Que nada: os parentes não só não os apoiaram como ainda os repreenderam pelo “mau” comportamento. O casal decidiu ir, então, para Cochabamba, tentar a vida juntos num novo lar para idosos. Mas a instituição também não os aceitou.
Irma acabou voltando para o asilo. Jorge voltou a morar com a família. Eles ainda tentam encontrar um jeito de ficar juntos. Eles se amam... Caramba, eles se amam!
Tudo isso aconteceu de verdade, gente, não é filme, não. Encontrei essa notícia outro dia num noticiário da BBC.
Agora, afrodites, me contem: por que é que a sociedade reprime com tanta violência um romance entre velhos? Por que beijo de velho é tão indecente? Beijo de jovem é lindo, romântico, comove, encanta, os violinos tocam ao fundo... Beijo de velho causa repulsa. Os velhos podem até amar – desde que o romance seja bem platônico, no máximo pegar na mão, passar a mão no cabelo, fazer um carinho no rosto. Qualquer coisa além disso, nem pensar. Só a possibilidade de sexo entre velhos já coloca as pessoas em pânico. Ai, que horror! Velho transando!
Olhem só: eu estou dando a maior força para Irma e Jorge. Eles têm de ficar juntos – tanto por eles como por todos os outros velhos que querem amar e transar na face da Terra. Torço por eles todos os dias. Se esse negócio de energia positiva funcionar mesmo, minhas vibrações vão chegar lá. E a força do amor de Irma e Jorge vai fazer tremer os Andes.

Beijos,

Alice